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Tem uma idéia central: não
leve tudo tão a sério. “Leveza” é a palavra-chave. Não quer dizer que todos
devamos instalar um sorriso permanente no rosto e começar a achar bom tudo o
que acontece. Leveza significa entender que até as melhores sensações têm fim,
assim como não há aborrecimento que dure para sempre. Não é para se tornar um
bobo-alegre: às vezes as circunstâncias nos obrigam a reagir de jeito negativo,
e isso não é necessariamente ruim.
Gianetti chama atenção para
a diferença entre “ser feliz” e “estar feliz”. “Existem pessoas que levam uma
vida cheia de momentos de prazer, mas que não têm um caminho ou um significado.
No extremo contrário estão aqueles que abrem mão do ‘estar feliz’ por só pensar
no futuro e viver com prudência demais”. Talvez o melhor caminho esteja entre
esses dois. Atingir esse equilíbrio não é moleza e infelizmente não há fórmula
mágica nem manual completo. O lance é prestar atenção a si mesmo e ir mudando
aos pouquinhos. “As transformações mentais demoram e não são fáceis. Demandam
um esforço constante”, aconselha o dalai.
Felicidade não é um fim em
si, e sim uma conseqüência do jeito que você leva a vida. As pessoas que
procuram receitas e respostas complicadas para ela acabam perdendo de vista os
pequenos prazeres e alegrias. É o dia-a-dia de uma pessoa e a maneira como ela
reage às situações mais banais que definem seu nível de felicidade. Ou, para
resumir tudo: um jeito garantido de ser feliz é se preocupando menos em ser
feliz.
Felicidade é um truque. Um
truque da natureza concebido ao longo de milhões de anos com uma só finalidade:
enganar você. A lógica é a seguinte: quando fazemos algo que aumenta nossas
chances de sobreviver ou de procriar, nos sentimos muito bem. Tão bem que vamos
querer repetir a experiência muitas e muitas vezes. E essa nossa perseguição
incessante de coisas que nos deixem felizes acaba aumentando as chances de
transmitirmos nossos genes. “As leis que governam a felicidade não foram
desenhadas para nosso bem-estar psicológico, mas para aumentar as chances de
sobrevivência dos nossos genes a longo prazo”, escreveu o escritor e psicólogo
americano Robert Wright, num artigo para a revista americana Time.
A busca da felicidade é o
combustível que move a humanidade – é ela que nos força a estudar, trabalhar,
ter fé, construir casas, realizar coisas, juntar dinheiro, gastar dinheiro,
fazer amigos, brigar, casar, separar, ter filhos e depois protegê-los. Ela nos
convence de que cada uma dessas conquistas é a coisa mais importante do mundo e
nos dá disposição para lutar por elas. Mas tudo isso é ilusão. A cada vitória
surge uma nova necessidade. Felicidade é uma cenoura pendurada numa vara de
pescar amarrada no nosso corpo. Às vezes, com muito esforço, conseguimos dar
uma mordidinha. Mas a cenoura continua lá adiante, apetitosa, nos empurrando
para a frente. Felicidade é um truque.
E temos levado esse truque
muito a sério. Vivemos uma época em que ser feliz é uma obrigação – as pessoas
tristes são indesejadas, vistas como fracassadas completas. A doença do momento
é a depressão. “A depressão é o mal de uma sociedade que decidiu ser feliz a
todo preço”, afirma o escritor francês Pascal Bruckner, autor do livro A
Euforia Perpétua. Muitos de nós estão fazendo força demais para demonstrar
felicidade aos outros – e sofrendo por dentro por causa disso. Felicidade está
virando um peso: uma fonte terrível de ansiedade.
Esse assunto sempre foi
desprezado pelos cientistas. Mas, na última década, um número cada vez maior
deles, alguns influenciados pelas idéias de religiosos e filósofos, tem se
esforçado para decifrar os segredos da felicidade. A ideia é finalmente
desmascarar esse truque da natureza. Entender o que nos torna mais ou menos
felizes e qual é a forma ideal de lidar com a ansiedade que essa busca infinita
causa. Veja nas próximas páginas o que eles já descobriram.
Ser
infeliz é preciso
Ok, já temos a receita da
felicidade. Basta juntar prazer, engajamento e significado e nossa vida se
resolve para sempre? Ah, se fosse assim tão simples. A felicidade, como não
cansam de repetir os poetas e os chatos, é breve. Ainda bem. Felicidade, por
definição, é um estado no qual não temos vontade de mudar nada. Ou seja, se
passássemos tempo demais assim, nossas vidas estacionariam. A busca da
felicidade é o que nos empurra para a frente – se agarramos a cenoura, paramos
de correr e a brincadeira perde completamente a graça. Portanto, um pouco de
ansiedade, de insatisfação, é perfeitamente saudável.
“Felicidade é projetada para
evaporar”, escreveu Robert Wright. E, segundo ele, há uma razão evolutiva para
isso também: “se a alegria que vem após o sexo não acabasse nunca, então os
animais copulariam apenas uma vez na vida”. Mora aí um dos grandes problemas
atuais. Muita gente acredita que é possível viver uma existência só de altos,
sem nenhum ponto baixo, sem tristeza, sem sofrimento. E alguns estão dispostos
a conseguir isso sem esforço algum, só à custa de antidepressivos.
Isso é conversa de
cientista, mas alguns religiosos, em especial os budistas, já afirmam algo parecido
há muito tempo. Um de seus preceitos básicos é o de que “a vida é sofrimento”.
Coisa chata, né? Talvez, mas ter consciência de que o sofrimento é inevitável
pode ajudar a trazer felicidade, e certamente diminui a ansiedade. O conselho
do dalai-lama é que, quando as coisas estiverem mal, em vez de se entregar à
infelicidade ou tentar apenas minimizar os sintomas, você respire fundo e tente
descobrir o porquê da situação.
Segundo ele, grande parte da
dor é criada por nós mesmos, pela nossa inabilidade de lidar com a tristeza e
pela sensação de que somos obrigados a ser sempre felizes. Ao encarar o
sofrimento de frente e identificar as suas causas reais, você estará dando um
passo na direção do autoconhecimento, o que vai lhe permitir entender quais
seus objetivos na vida, quais seus valores. Para usar a terminologia de
Seligman, esse autoconhecimento dará a você mais clareza sobre que tipo de
atividades lhe traz prazer, engajamento e significado. Ou seja, são esses
momentos ruins que criarão condições para você correr atrás da sua própria
realização – individual, pessoal e intransferível.
A receita da felicidade.
Esses métodos para se tornar mais feliz foram testados em laboratório. E
funcionam
Prazer
• Permita-se ter
experiências sensorialmente agradáveis de vez em quando. Não se trata só de
emoções fortes. A maior parte dos prazeres é bem simples: conversar, ver uma
paisagem bonita, comer algo gostoso.
• Tire “fotografias mentais”
dos momentos agradáveis de sua vida – repare nos detalhes, nas cores, nos
cheiros. Nas horas difíceis, tente recordar-se de tudo.
• Tenha companhia. Quase
todas as pessoas sentem-se mais felizes quando estão com outras pessoas. Claro
que isso não significa evitar a solidão a qualquer custo, mas é importante ter
amigos.
Engajamento
• Dedique-se a tudo que você
faz, no trabalho ou fora. Lembre-se: a diferença entre um emprego chato e um
emprego legal pode ser a sua postura. Se você se envolver mais, ele vai ficar
mais divertido.
• Arrume uma atividade
desafiadora, difícil, e esforce-se para se tornar cada vez melhor nela. Yoga,
aeromodelismo, videogame, natação, flauta, mountain bike, culinária
vegetariana, bateria. Há opções para todos os gostos.
• Exercite-se. Esporte
praticado com freqüência aumenta a disposição para a vida e em geral nos deixa
mais ligados no mundo e no nosso próprio corpo. Algumas pesquisas sugerem que
dar risada é um ótimo exercício.
Significado
• Pesquisas mostram que
escrever num diário as coisas pelas quais você é grato garante um aumento no
nível de felicidade que dura seis semanas. Portanto, de tempos em tempos,
lembre-se de agradecer.
• Faça atos de altruísmo ou
bondade. Colabore com alguma instituição humanitária, ensine algo que você
saiba (não interessa se as aulas são de alfabetização ou de guitarra), saia do
seu caminho para ajudar alguém.
• Se tem alguém que foi
importante na sua vida, ainda que num passado remoto, faça-o saber disso, de
preferência com uma visita pessoal. Os cientistas dizem que essa “visita de
gratidão” pode valer um mês de felicidade.
A
receita da infelicidade
Se
você quer mesmo ser feliz, precisa se convencer de que nada disso é a solução
Dinheiro
• Ele só traz felicidade até
o momento em que cobre as necessidades básicas. Depois disso, mais dinheiro não
altera o nível de satisfação. E um foco exagerado em coisas materiais vai
esvaziar sua vida de significado.
Casamento
• Condicionar a felicidade a
fatores sobre os quais você não tem controle não pode dar certo. Além disso, um
casamento não tem nada a ver com um estado perene de alegria. Ele tem altos e
baixos como tudo na vida.
Futuro
• “Vou ser feliz quando eu
terminar de pagar meu apartamento.” É importante ter metas, mas achar que a
felicidade está no futuro só adia sua realização. Sem falar que, depois de
quitar a dívida, é provável que você invente outra meta, ainda mais difícil.
Carro
novo
• Nossa cultura consumista e
a publicidade criam necessidades novas a cada minuto. Às vezes o carro antigo
ainda funciona muito bem, mas você se convence de que não pode viver sem o
modelo maior que foi lançado esse mês.
Beleza
• Mais um caso de
expectativa irreal. Em primeiro lugar, porque é impossível ter um corpo e um
rosto perfeitos. Em segundo, porque nada disso é garantia de felicidade.
Pergunte à Gisele Bündchen se ela não sofre às vezes.
Status
• Priorizar símbolos de
status indica uma preocupação maior com os outros do que com você mesmo. Uma
cobertura de frente para a praia é boa por causa da vista maravilhosa, não
porque vai deixar os amigos morrendo de inveja.
Felicidade
interna bruta
A
Holanda é o país mais feliz do mundo. Mas o Brasil está bem na fita
“A Felicidade Interna Bruta
de um país é mais importante do que seu Produto Interno Bruto”. A frase foi
dita nos anos 70 por Jigme Singye Wangchuck, rei do Butão, um país budista
espremido entre a China e a Índia. Se formos acreditar em Wangchuck, o índice
mais importante que existe é aquele avaliado pela pesquisa comandada pelo
especialista americano Ed Diener. Pessoas de várias partes do mundo tiveram de
avaliar sua própria felicidade, dando notas. O resultado foi bem interessante.
Primeiro: ficou claro que os países ricos têm níveis altos de felicidade.
Nenhuma nação com renda per capita maior que 20 mil dólares por ano tirou nota
de felicidade abaixo de 8 e todos os que passaram de 9 são ricos. Mas não são
só os ricos que riem. Nossa América Latina também passou de ano, apesar da
pobreza. O destaque foi a Colômbia – justo ela, assolada pelo tráfico de drogas
e pela guerra civil. O Brasil revelou-se menos feliz que Argentina e Uruguai,
uma surpresa para quem acredita no estereótipo carnavalesco. Mas também nos
saímos bem.
Felicidade
é...
Tirando "amor",
não tem palavra mais difícil de definir. Veja aqui algumas tentativas
... “viver em paz e
harmonia.” Visão budista;
... “a atividade da alma
dirigida pela virtude.” Aristóteles,
filósofo grego (384–322 a.C.);
... “uma boa saúde e uma
memória ruim.” Ingrid Bergman¸ atriz
sueca (1915-1982);
... “breve. Nunca chame um
mortal de feliz até ver como ele baixou à sua tumba.”Eurípedes, dramaturgo
grego (480-406 a.C.);
... “um mistério como a
religião. Não deveria nunca ser racionalizada.” Gilbert Keith Chesterton,
escritor inglês (1874-1936);
... “algo que não
alcançaremos neste mundo, mas apenas após a salvação.” Visão cristã;
... “um estado imaginário,
antes atribuído pelos vivos aos mortos, hoje geralmente atribuído pelos adultos
às crianças e pelas crianças aos adultos.” Thomas Szasz, psiquiatra húngaro
(1920-);
... “um subproduto de alguma
outra coisa que a gente está fazendo.” Aldous Huxley, escritor inglês (1894-1963);
... “o caminho. Portanto,
não existe caminho para a felicidade.” Mahatma Gandhi, líder nacionalista
indiano (1869-1948).
Fonte:
http://super.abril.com.br/cultura/busca-felicidade-464107.shtml
.jpg)
Tem uma idéia central: não
leve tudo tão a sério. “Leveza” é a palavra-chave. Não quer dizer que todos
devamos instalar um sorriso permanente no rosto e começar a achar bom tudo o
que acontece. Leveza significa entender que até as melhores sensações têm fim,
assim como não há aborrecimento que dure para sempre. Não é para se tornar um
bobo-alegre: às vezes as circunstâncias nos obrigam a reagir de jeito negativo,
e isso não é necessariamente ruim.
Gianetti chama atenção para
a diferença entre “ser feliz” e “estar feliz”. “Existem pessoas que levam uma
vida cheia de momentos de prazer, mas que não têm um caminho ou um significado.
No extremo contrário estão aqueles que abrem mão do ‘estar feliz’ por só pensar
no futuro e viver com prudência demais”. Talvez o melhor caminho esteja entre
esses dois. Atingir esse equilíbrio não é moleza e infelizmente não há fórmula
mágica nem manual completo. O lance é prestar atenção a si mesmo e ir mudando
aos pouquinhos. “As transformações mentais demoram e não são fáceis. Demandam
um esforço constante”, aconselha o dalai.
Felicidade não é um fim em
si, e sim uma conseqüência do jeito que você leva a vida. As pessoas que
procuram receitas e respostas complicadas para ela acabam perdendo de vista os
pequenos prazeres e alegrias. É o dia-a-dia de uma pessoa e a maneira como ela
reage às situações mais banais que definem seu nível de felicidade. Ou, para
resumir tudo: um jeito garantido de ser feliz é se preocupando menos em ser
feliz.
Felicidade é um truque. Um
truque da natureza concebido ao longo de milhões de anos com uma só finalidade:
enganar você. A lógica é a seguinte: quando fazemos algo que aumenta nossas
chances de sobreviver ou de procriar, nos sentimos muito bem. Tão bem que vamos
querer repetir a experiência muitas e muitas vezes. E essa nossa perseguição
incessante de coisas que nos deixem felizes acaba aumentando as chances de
transmitirmos nossos genes. “As leis que governam a felicidade não foram
desenhadas para nosso bem-estar psicológico, mas para aumentar as chances de
sobrevivência dos nossos genes a longo prazo”, escreveu o escritor e psicólogo
americano Robert Wright, num artigo para a revista americana Time.
A busca da felicidade é o
combustível que move a humanidade – é ela que nos força a estudar, trabalhar,
ter fé, construir casas, realizar coisas, juntar dinheiro, gastar dinheiro,
fazer amigos, brigar, casar, separar, ter filhos e depois protegê-los. Ela nos
convence de que cada uma dessas conquistas é a coisa mais importante do mundo e
nos dá disposição para lutar por elas. Mas tudo isso é ilusão. A cada vitória
surge uma nova necessidade. Felicidade é uma cenoura pendurada numa vara de
pescar amarrada no nosso corpo. Às vezes, com muito esforço, conseguimos dar
uma mordidinha. Mas a cenoura continua lá adiante, apetitosa, nos empurrando
para a frente. Felicidade é um truque.
E temos levado esse truque
muito a sério. Vivemos uma época em que ser feliz é uma obrigação – as pessoas
tristes são indesejadas, vistas como fracassadas completas. A doença do momento
é a depressão. “A depressão é o mal de uma sociedade que decidiu ser feliz a
todo preço”, afirma o escritor francês Pascal Bruckner, autor do livro A
Euforia Perpétua. Muitos de nós estão fazendo força demais para demonstrar
felicidade aos outros – e sofrendo por dentro por causa disso. Felicidade está
virando um peso: uma fonte terrível de ansiedade.
Esse assunto sempre foi
desprezado pelos cientistas. Mas, na última década, um número cada vez maior
deles, alguns influenciados pelas idéias de religiosos e filósofos, tem se
esforçado para decifrar os segredos da felicidade. A ideia é finalmente
desmascarar esse truque da natureza. Entender o que nos torna mais ou menos
felizes e qual é a forma ideal de lidar com a ansiedade que essa busca infinita
causa. Veja nas próximas páginas o que eles já descobriram.
Ser
infeliz é preciso
Ok, já temos a receita da
felicidade. Basta juntar prazer, engajamento e significado e nossa vida se
resolve para sempre? Ah, se fosse assim tão simples. A felicidade, como não
cansam de repetir os poetas e os chatos, é breve. Ainda bem. Felicidade, por
definição, é um estado no qual não temos vontade de mudar nada. Ou seja, se
passássemos tempo demais assim, nossas vidas estacionariam. A busca da
felicidade é o que nos empurra para a frente – se agarramos a cenoura, paramos
de correr e a brincadeira perde completamente a graça. Portanto, um pouco de
ansiedade, de insatisfação, é perfeitamente saudável.
“Felicidade é projetada para
evaporar”, escreveu Robert Wright. E, segundo ele, há uma razão evolutiva para
isso também: “se a alegria que vem após o sexo não acabasse nunca, então os
animais copulariam apenas uma vez na vida”. Mora aí um dos grandes problemas
atuais. Muita gente acredita que é possível viver uma existência só de altos,
sem nenhum ponto baixo, sem tristeza, sem sofrimento. E alguns estão dispostos
a conseguir isso sem esforço algum, só à custa de antidepressivos.
Isso é conversa de
cientista, mas alguns religiosos, em especial os budistas, já afirmam algo parecido
há muito tempo. Um de seus preceitos básicos é o de que “a vida é sofrimento”.
Coisa chata, né? Talvez, mas ter consciência de que o sofrimento é inevitável
pode ajudar a trazer felicidade, e certamente diminui a ansiedade. O conselho
do dalai-lama é que, quando as coisas estiverem mal, em vez de se entregar à
infelicidade ou tentar apenas minimizar os sintomas, você respire fundo e tente
descobrir o porquê da situação.
Segundo ele, grande parte da
dor é criada por nós mesmos, pela nossa inabilidade de lidar com a tristeza e
pela sensação de que somos obrigados a ser sempre felizes. Ao encarar o
sofrimento de frente e identificar as suas causas reais, você estará dando um
passo na direção do autoconhecimento, o que vai lhe permitir entender quais
seus objetivos na vida, quais seus valores. Para usar a terminologia de
Seligman, esse autoconhecimento dará a você mais clareza sobre que tipo de
atividades lhe traz prazer, engajamento e significado. Ou seja, são esses
momentos ruins que criarão condições para você correr atrás da sua própria
realização – individual, pessoal e intransferível.
A receita da felicidade.
Esses métodos para se tornar mais feliz foram testados em laboratório. E
funcionam
Prazer
• Permita-se ter
experiências sensorialmente agradáveis de vez em quando. Não se trata só de
emoções fortes. A maior parte dos prazeres é bem simples: conversar, ver uma
paisagem bonita, comer algo gostoso.
• Tire “fotografias mentais”
dos momentos agradáveis de sua vida – repare nos detalhes, nas cores, nos
cheiros. Nas horas difíceis, tente recordar-se de tudo.
• Tenha companhia. Quase
todas as pessoas sentem-se mais felizes quando estão com outras pessoas. Claro
que isso não significa evitar a solidão a qualquer custo, mas é importante ter
amigos.
Engajamento
• Dedique-se a tudo que você
faz, no trabalho ou fora. Lembre-se: a diferença entre um emprego chato e um
emprego legal pode ser a sua postura. Se você se envolver mais, ele vai ficar
mais divertido.
• Arrume uma atividade
desafiadora, difícil, e esforce-se para se tornar cada vez melhor nela. Yoga,
aeromodelismo, videogame, natação, flauta, mountain bike, culinária
vegetariana, bateria. Há opções para todos os gostos.
• Exercite-se. Esporte
praticado com freqüência aumenta a disposição para a vida e em geral nos deixa
mais ligados no mundo e no nosso próprio corpo. Algumas pesquisas sugerem que
dar risada é um ótimo exercício.
Significado
• Pesquisas mostram que
escrever num diário as coisas pelas quais você é grato garante um aumento no
nível de felicidade que dura seis semanas. Portanto, de tempos em tempos,
lembre-se de agradecer.
• Faça atos de altruísmo ou
bondade. Colabore com alguma instituição humanitária, ensine algo que você
saiba (não interessa se as aulas são de alfabetização ou de guitarra), saia do
seu caminho para ajudar alguém.
• Se tem alguém que foi
importante na sua vida, ainda que num passado remoto, faça-o saber disso, de
preferência com uma visita pessoal. Os cientistas dizem que essa “visita de
gratidão” pode valer um mês de felicidade.
A
receita da infelicidade
Se
você quer mesmo ser feliz, precisa se convencer de que nada disso é a solução
Dinheiro
• Ele só traz felicidade até
o momento em que cobre as necessidades básicas. Depois disso, mais dinheiro não
altera o nível de satisfação. E um foco exagerado em coisas materiais vai
esvaziar sua vida de significado.
Casamento
• Condicionar a felicidade a
fatores sobre os quais você não tem controle não pode dar certo. Além disso, um
casamento não tem nada a ver com um estado perene de alegria. Ele tem altos e
baixos como tudo na vida.
Futuro
• “Vou ser feliz quando eu
terminar de pagar meu apartamento.” É importante ter metas, mas achar que a
felicidade está no futuro só adia sua realização. Sem falar que, depois de
quitar a dívida, é provável que você invente outra meta, ainda mais difícil.
Carro
novo
• Nossa cultura consumista e
a publicidade criam necessidades novas a cada minuto. Às vezes o carro antigo
ainda funciona muito bem, mas você se convence de que não pode viver sem o
modelo maior que foi lançado esse mês.
Beleza
• Mais um caso de
expectativa irreal. Em primeiro lugar, porque é impossível ter um corpo e um
rosto perfeitos. Em segundo, porque nada disso é garantia de felicidade.
Pergunte à Gisele Bündchen se ela não sofre às vezes.
Status
• Priorizar símbolos de
status indica uma preocupação maior com os outros do que com você mesmo. Uma
cobertura de frente para a praia é boa por causa da vista maravilhosa, não
porque vai deixar os amigos morrendo de inveja.
Felicidade
interna bruta
A
Holanda é o país mais feliz do mundo. Mas o Brasil está bem na fita
“A Felicidade Interna Bruta
de um país é mais importante do que seu Produto Interno Bruto”. A frase foi
dita nos anos 70 por Jigme Singye Wangchuck, rei do Butão, um país budista
espremido entre a China e a Índia. Se formos acreditar em Wangchuck, o índice
mais importante que existe é aquele avaliado pela pesquisa comandada pelo
especialista americano Ed Diener. Pessoas de várias partes do mundo tiveram de
avaliar sua própria felicidade, dando notas. O resultado foi bem interessante.
Primeiro: ficou claro que os países ricos têm níveis altos de felicidade.
Nenhuma nação com renda per capita maior que 20 mil dólares por ano tirou nota
de felicidade abaixo de 8 e todos os que passaram de 9 são ricos. Mas não são
só os ricos que riem. Nossa América Latina também passou de ano, apesar da
pobreza. O destaque foi a Colômbia – justo ela, assolada pelo tráfico de drogas
e pela guerra civil. O Brasil revelou-se menos feliz que Argentina e Uruguai,
uma surpresa para quem acredita no estereótipo carnavalesco. Mas também nos
saímos bem.
Felicidade
é...
Tirando "amor",
não tem palavra mais difícil de definir. Veja aqui algumas tentativas
... “viver em paz e
harmonia.” Visão budista;
... “a atividade da alma
dirigida pela virtude.” Aristóteles,
filósofo grego (384–322 a.C.);
... “uma boa saúde e uma
memória ruim.” Ingrid Bergman¸ atriz
sueca (1915-1982);
... “breve. Nunca chame um
mortal de feliz até ver como ele baixou à sua tumba.”Eurípedes, dramaturgo
grego (480-406 a.C.);
... “um mistério como a
religião. Não deveria nunca ser racionalizada.” Gilbert Keith Chesterton,
escritor inglês (1874-1936);
... “algo que não
alcançaremos neste mundo, mas apenas após a salvação.” Visão cristã;
... “um estado imaginário,
antes atribuído pelos vivos aos mortos, hoje geralmente atribuído pelos adultos
às crianças e pelas crianças aos adultos.” Thomas Szasz, psiquiatra húngaro
(1920-);
... “um subproduto de alguma
outra coisa que a gente está fazendo.” Aldous Huxley, escritor inglês (1894-1963);
... “o caminho. Portanto,
não existe caminho para a felicidade.” Mahatma Gandhi, líder nacionalista
indiano (1869-1948).
Fonte:
http://super.abril.com.br/cultura/busca-felicidade-464107.shtml
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