Algum de vocês conhece o "Sou hipster, namoro
playboy"? Vale a pena conferir. O tumblr reúne um monte de situações
hilárias de desencontros que supostamente rolam quando hipsters (essa gente de
óculos de aro grosso, camisa xadrez e chapeu Panamá) namoram playboys (me
recuso a explicar o que é um playboy). É impossível não se reconhecer em uma
(ou muitas) das situações. O site é um sucesso porque trata com muito bom humor
um tema que é para lá de universal: as diferenças entre as pessoas e o reflexo
delas nos relacionamentos.
Tenho certeza que não é preciso ir muito longe na memória
para dar de cara com meia dúzia de situações em que os seus gostos,
posicionamentos e hábitos eram tão bizarramente diferentes dos do seu
namorado(a) que ficava difícil imaginar porque, diabos, vocês estavam juntos.
Eu mesmo já passei por isso milhares de vezes. Às vezes conseguimos administrar
as arestas e seguir em frente juntos. Mas também já existiram casos que as
divergências ou eram muito grandes ou se referiam a coisas que nenhum dos dois
estava disposto a negociar e acabamos por romper.
As duas situações me ensinaram que respeito, tanto por você
quanto pelo outro, é a chave para a construção de uma história saudável. A
ausência dele é o caminho para um relacionamento onde um sempre dá as cartas e
o outro sempre acata às ordens. A receita pode até parecer um bom negócio por
um tempo, principalmente para quem determina as regras do jogo. Mas não se
enganem, o espaço entre o opressor e o oprimido é sempre um vazio e essa conta
emocional será cobrada, mais cedo ou mais tarde, com juros e correção
monetária.
Admito que nem sempre é fácil conviver com estilos de vida
ou valores muito diferentes dos seus. Mas o esforço vale a pena. Estar aberto
para que o outro traga sua bagagem (física, emocional, cultural, etc) é,
talvez, a melhor parte do relacionar-se. Quem perde isso, seja por arrogância,
insegurança ou falta de generosidade, está jogando fora uma oportunidade
incrível de se transformar em algo melhor, não pela aceitação plena de tudo o
que o outro tem, mas pelo aprendizado constante.
Veja bem, não estou dizendo que você tenha que aceitar tudo
o que o outro fizer ou vice e versa. Isso é submissão ou teimosia. Estou
falando de troca entre iguais, onde cada um dá o que tem de melhor e recebe, de
bom grado e desde que lhe faça algum sentido, o que o outro oferece. Nada a ver
com enfiar suas escolhas goela abaixo do parceiro ou se sentir na obrigação do
que quer que seja.
Apesar da boa vontade e do afeto, nem todas as diferenças
podem ser negociadas a ponto de coexistirem pacificamente. Porque tudo nessa
vida tem limite. E com a gente não é diferente. Então, se você já está até a
tampa com o jeito bronco ou mal educado do seu namorado, ou qualquer outra
postura que seja uma agressão ou falta grave na sua opinião, converse com ele e
coloque as cartas na mesa deixando bem claro o porquê esse tipo de
comportamento coloca em risco o relacionamento de vocês. Só tome cuidado para
não se perder na ilusão do príncipe encantado, afinal se você tem um monte de
defeitos não há a menor lógica em esperar perfeição de quem quer que seja.
Em tempo, estou me referindo às diferenças significativas
que podem resultar em problemas sérios para o relacionamento. Você gostar de
rock e ele de pagode não entra nessa categoria. Ele ser louco por futebol e
você achar o esporte a coisa mais chata do universo também não. Para esses
casos eu sugiro que ambos cedam um pouco e acompanhem o parceiro de vez em
quando. Não precisa ir ao estádio em toda partida ou não perder nenhum show. Todo
mundo reconhece "esforços" desse tipo. E quando você ou ele não
estiverem mesmo afim, liberem-se para ir só com os amigos. Eis uma ótima
oportunidade para praticar a confiança entre vocês e aproveitar para colocar o
papo em dia com a galera.
No fim, é sempre aquela história de tratar as pessoas como
nós gostaríamos que nos tratassem. Só a gente sabe o trabalho que deu para
chegar até aqui e colecionar lembranças, amigos, conhecimento, projetos,
consquistas e sonhos. Se ver tudo isso ser desrespeitado ou diminuído por
alguém soa como crime passível de punição severa, não faz sentido sair por aí
ditando regra e dizendo o que é ou não digno de nota dentre as coisas que o
outro traz consigo. Pense nisso antes de bater no peito cheio de si se achando
o representante de tudo o que há de melhor na humanidade.
Fonte:
http://br.mulher.yahoo.com/blogs/amigo-gay/os-opostos-se-atraem-143431953.html