Na era dos smartphones, tablets, redes sociais, será que dá para ter
privacidade? Ou até mesmo querer privacidade?
Andrew Keen é autor dos
livros "O Culto do Amador - como a internet está matando a nossa
cultura", lançado em 2007, e o recente "Vertigem digital - porque as
redes sociais estão nos dividindo, diminuindo e desorientando".
Ele critica o compartilhamento de dados pessoais, que se tornou quase uma
obrigação neste mundo cada vez mais conectado.
“Eu não quero
compartilhar meus dados mais íntimos, que saibam onde estou, o que eu leio,
vejo ou ouço, quem são meus amigos, o que eu fiz e o que vou fazer. Compartilhar
é uma escolha. Nós queremos criar um mundo, uma plataforma em que vivemos onde
compartilhamos tudo, ou queremos um mundo em que mantemos nossa autonomia,
nossa dignidade, nosso mistério, nossos segredos como indivíduos?”, indaga
Keen.
O escritor explica que
nós somos definidos por nossos mistérios, não pelo que as pessoas sabem sobre
nós, e precisamos preservar certas coisas dos olhos do público para manter
nossa dignidade. “Todos têm esse desafio de saber o que devem ou não
compartilhar, o que traz benefícios para o seu trabalho, sua carreira, sua
identidade, sua reputação”, diz.
Andrew Keen tem conta no
Twitter, mas não se rende ao Facebook. “É possível usar o Facebook de maneira
apropriada. Eu só não gosto dele porque me incomoda ver as pessoas revelando
tanto de si mesmas de maneira inapropriada”, declara.
Ele diz que o Twitter
não pede tantas informações sobre a vida das pessoas, mas outras redes, como
Facebook e Foursquare, podem ser bastante perigosas. “Muitos de nós são
viciados, não resistem a um “check-in”. Mas, ao fazer um check-in no
Foursquare, você está dizendo ao mundo onde você está, está dizendo aos ladrões
que você não está em casa. Então, é muito perigoso. Precisamos resistir a
transformar o estilo de vida digital em uma religião”, explica.
Keen alerta que o perigo
vem também do modelo de negócios gratuito do Facebook e do Google. “Quando se
usa Google+ e Facebook de graça, a única maneira de essas empresas ganharem
dinheiro é vendendo nossos dados aos anunciantes”, diz.
Por
mais que um indivíduo tenha muitos amigos em uma rede social, Keen afirma que a
vida neste século é isolada por causa da internet. “Por trás da vida social,
quando você tira a capa e revela o que realmente há, vemos cada vez mais
solidão, alienação, atomização, fragmentação. Portanto, a internet é, ao mesmo
tempo, causa e consequência da natureza solitária, fragmentada e isolada da
vida no século XXI”.
Fonte: http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2012/11/temos-que-resistir-transformar-vida-digital-em-religiao-diz-escritor.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário