Sou de uma geração que está em lento e inexorável processo de extinção.
Fomos preparados para competir. Não precisamos vencer, precisamos tentar.
Podemos perder e isto é natural do jogo, não deixa traumas. O fundamental é ter
claro que fez o melhor. Nunca foi o jogo de cena para mostrar para
alguém cumprir tabela. Fazíamos e fazemos pela plena sensação de tentar sempre,
realizar algo e isto não tem preço. É uma daquelas coisas que Mastercard não
paga

Desde que comecei a trabalhar, antes mesmo de assumir qualquer cargo de
chefia, sempre tive dificuldade em manter boa relação com gente que cultua o não.
Eu mesmo, se bobear, me transformo em um ranzinza adepto do não. Quando embarco
nessa onda apelo ao estribilho de Tempos Modernos (Lulu Santos e Nelson
Motta): “eu vejo um novo começo de Era, de gente fina, elegante e sincera,
com habilidade para dizer mais sim do que não”, simples e verdadeiro!
Levanto e espanto esse espírito Lyppy & Hardy, os mais velhos vão lembrar do
desenho animado e do mote da pessimista hiena: “ohh vida... ohh
azar..."
Não vejo futuro auspicioso para quem cultua ou se esconde atrás do “não”.
Há tempos, no início desse século, tive uma reunião de trabalho com uma
“menina” (mais de 20 e menos de 30, na época). Ela se apresentou dizendo que já
havia fechado meia dúzia de empresas digitais. Todos estamos sujeitos às quedas
mas tenho dificuldade para entender por quais razões uma pessoa usaria isto
como cartão de visitas?
Minha curiosidade, como resultado da nossa conversa, me levou a uma
pesquisa rápida para tentar entender o perfil da “menina fracasso”.
Era filha de um executivo graduado em um dos maiores bancos no país,
bem-educada e com acesso fácil às portas certas. Concluí que demoraria ainda
para entender o poder mágico e inspirador do sucesso. Pelo modo como falava do
fracasso, parece que não aprendeu muito com ele!

Compreender o circulo virtuoso por trás de sucesso, grana e liberdade leva
tempo. Essa combinação se clareou para mim de alguns anos para cá, quando
minha perspectiva de futuro começou a ser drasticamente reduzida. Nada sério,
apenas a consciência de que o tempo não pára! Nessa fase trocamos a disposição
adolescente de “mais um dia” pela prudência realista do “um dia a
menos” e tudo o que queremos é que eles sejam prazerosos.

De uns bons tempos para cá todos devem participar de tudo, certo?
Você vai à escola do seu filho e o vê participar dos jogos. Ele
ou ela é ruim de… basquete, vôlei ou futebol, que seja! O resultado não
importa. São crianças e precisam participar. Você fica feliz, ele fica feliz,
todos ficam felizes. Mas nosso time perdeu? Qual é a lição? Todos
participaram? Fortalecemos a união entre os todos os alunos? Ensinamos que
todos devem ter oportunidade e o resultado é um detalhe? Será que no jogo da
vida, analogamente, o resultado também não vira um detalhe? Na escolinha, com
crianças, talvez isto não faça mesmo sentido nessa fase mas, e quando isto
continua pela sua vida afora?
O culto ao “não” transforma tudo em detalhe. Se você não atingir
alguns objetivos, tudo bem! Se você não chegar na hora, tudo bem! Se
você não cede seu lugar para alguém mais velho, tudo bem! Se você não
estiver afins daquela reunião, tudo bem! Se seu deputado ou vereador não
honrar seu voto, tudo bem! Das coisas menos importantes, rapidamente
chegamos a atitudes graves e com conseqüências sérias.

Fonte: https://www.linkedin.com/pulse/com-quantos-n%C3%A3os-se-faz-um-fracasso-claudio-odri
Muitíssimo bom.
ResponderExcluirOlá minha querida, que surpresa boa!! Realmente o texto nos leva a reflexão sobre os profissionais, nossa postura, as conquistas e derrotas.
ResponderExcluirObrigada pela visita.
Beijos.